sexta-feira, 10 de junho de 2022

Venda seu peixe

Venda seu peixe Como fica sua aparência quando você está inseguro? Que postura você adota normalmente quando se sente inibido, tímido ou nervoso? Quando está tenso ou com medo, como você demonstra esses sentimentos? Na lista a seguir você encontrará os sinais mais frequentes de insegurança e talvez identifique um ou outro em si mesmo. A linguagem corporal dos inseguros • Costumam manter as costas curvadas e o peito um pouco afundado. Com essa postura, algumas pessoas dão a impressão de serem mais baixas e mais magras do que de fato são, tanto de pé quanto sentadas. • Raramente, ou nunca, fazem contato visual. • Com frequência levantam um pouco os ombros. • Quase não mexem a cabeça e costumam fixar o olhar numa única direção. Às vezes dão um sorriso exagerado, como se quisessem agradar o outro, ou mordiscam o lábio, demonstrando insegurança. • Quando estão de pé, costumam colocar o peso do corpo sobre uma das pernas e cruzar a outra, seja pela frente ou por trás. • Projetam os ombros ligeiramente para a frente, o que dificulta a respiração e faz sua voz soar mais fraca e apressada. • Além de todas essas atitudes, as pessoas inseguras costumam mexer em joias ou acessórios que estejam usando. Elas também têm o hábito de alisar a roupa, se balançar, mudar várias vezes de posição na cadeira, passar as mãos pelo cabelo e apertar constantemente o botão da caneta. Após ler esses tópicos, talvez se dê conta de que, de vez em quando, você transmite algum desses sinais de insegurança. Se isso acontecer, não pense que a insegurança é um defeito nem julgue a si mesmo. É normal ficar nervoso ou inseguro às vezes, e essa situação é passageira. Pode até ser que você perceba que emite alguns desses sinais mesmo sem estar inseguro. Talvez enrole uma mecha de cabelo, toque os brincos ou curve ligeiramente as costas quando se senta, pois esses são hábitos que você adquiriu em algum momento e simplesmente os repete de modo automático, em qualquer ocasião. Isso prova que a linguagem corporal também se compõe, em parte, de manias e costumes que as pessoas vão criando ao longo da vida. No início de uma conversa, tente não se mover tanto, pois isso dá a impressão de que você está nervoso. Isso não exigirá de você muito esforço, não se preocupe. Basta controlar suas manias ou seus cacoetes, transmitindo autoconfiança e controle à pessoa com quem está falando. COMO SENTAR-SE, FICAR DE PÉ E CAMINHAR COM SEGURANÇA apresento duas maneiras possíveis de adotar uma postura régia. Na primeira descrevo em detalhes como você pode mudar sua linguagem corporal. A segunda maneira é um passo a passo resumido para ajudá-lo a adotar essa postura em questão de segundos. Recomendo que você leia com atenção cada uma dessas estratégias e coloque as duas em prática. Estratégia de autoafirmação: a postura régia 1. Não se encolha nem fique curvado Para que sua linguagem corporal expresse segurança, você deve manter a postura ereta. Ao sentar-se, não se encolha na cadeira nem se sente na beirada. O ideal é que você fique confortavelmente acomodado. 2. Mantenha-se erguido e centrado Quando estamos nervosos ou estressados, costumamos levantar os ombros, quase como se nos protegêssemos de um possível golpe na nuca. Com o tempo, essa má postura enrijece sua musculatura e provoca dores no pescoço e na cabeça. Portanto, abaixe os ombros e evite curvá-los para a frente, como se afundasse em si mesmo. Assim você demonstrará ser uma pessoa segura de si. Quando estamos preocupados, tendemos a dirigir o olhar para uma só direção. Para não deixar que isso aconteça, mantenha sempre a cabeça erguida e mexa-a com naturalidade. Olhe ao redor e gire a cabeça para um lado e para outro. Ponha os braços e as pernas numa posição cômoda, sem cruzá-los ou deixá-los muito abertos ou colados ao corpo. Quando estiver sentado, recomendo que seus pés fiquem apoiados no chão. 3. Evite os gestos que indicam nervosismo Fique atento para não fazer gestos que passem a ideia de que você está nervoso, ainda mais no início de uma conversa. Por exemplo, se você tem tendência a ficar balançando o pé, é melhor não cruzar as pernas. Se costuma ficar mexendo no relógio ou passando a mão no cabelo, leve consigo um bloco ou uma agenda em que possa fazer anotações, mantendo assim as mãos ocupadas. Escolha uma roupa que não amarrote com facilidade e que lhe caia bem, pois assim você não sentirá necessidade de ajeitá-la com frequência. 4. Mantenha contato visual e permaneça relaxado Fite seu interlocutor, mas desvie o olhar de vez em quando, já que olhar fixamente para uma pessoa por muito tempo também é sinal de insegurança. Portanto, recomendo que sustente o olhar sempre que disser algo importante e convincente. Mas, de vez em quando, é bom desviar os olhos para outra coisa. Isso não deve exigir muito esforço ou parecer artificial. A postura régia requer pouca força muscular e deve ser digna e serena. Assim, permaneça ereto, mas não enrijeça os músculos desnecessariamente. Respire fundo várias vezes. A estratégia seguinte apresenta a postura régia de forma resumida. Para que pareça natural, é importante que você repita com frequência os exercícios a seguir. Pratique em casa, quando estiver no ônibus, fazendo compras ou em qualquer outra situação do dia a dia. Quando achar que já a praticou o bastante, adote sua própria postura régia nos momentos importantes. Estratégia de autoafirmação: postura régia de forma resumida Quando estiver sentado • Ocupe todo o assento. Não se encolha num canto nem se sente na beirada. • Mantenha as costas eretas e, se quiser, apoie-se no encosto. • Endireite os ombros e abaixe-os um pouco. • Não cruze as pernas. Ponha os dois pés no chão e não os esconda debaixo do assento. • Não cruze os braços. Apoie-os relaxadamente nos braços da poltrona ou coloque as mãos sobre as pernas. Segurar uma pasta ou uma agenda também pode ser uma boa ideia. • Evite gestos que indiquem seu nervosismo e não se encolha. • Mantenha contato visual com seu interlocutor, mas não olhe para ele o tempo todo. • Respire relaxadamente e transmita segurança de maneira natural. Quando estiver de pé • Deixe as costas eretas. • Endireite os ombros e abaixe-os um pouco. • Mantenha a cabeça erguida, sem enrijecê-la, e mova-a com naturalidade. • Descanse comodamente sobre as duas pernas. • Deixe os braços estendidos e relaxados, evitando cruzá-los no peito. Segurar uma pasta ou uma agenda na mão pode ajudá-lo a permanecer nessa posição. • Evite gestos que denotem nervosismo e não se encolha. • Mantenha contato visual com seu interlocutor, mas não olhe para ele o tempo todo. • Respire relaxadamente e transmita segurança de maneira natural. Quando estiver caminhando • Não corra nem caminhe apressadamente. Caminhe como se fosse um rei ou uma rainha. Mova-se com calma e serenidade. • Mantenha a cabeça erguida. • Relaxe os músculos do rosto. • Endireite os ombros e abaixe-os um pouco. • Movimente os braços com naturalidade Ao adotar a postura régia, mantenha o corpo ereto mas relaxado, transmitindo segurança de maneira natural. Com ela, você descobrirá uma determinação serena e a capacidade de se superar constantemente. Sentar-se ou ficar de pé majestosamente garante que você esteja sempre com uma postura digna, mostrando que é respeitável. Quando se sentir intimidado, adote a postura régia. As pessoas que transmitem insegurança e nervosismo por meio da linguagem corporal não costumam ser levadas a sério. Todos nós temos nosso próprio estilo ao adotar a postura régia. O respeito que você transmite estimula os outros a lhe tratarem de maneira digna. Uma linguagem corporal excessivamente complacente costuma expressar desamparo e submissão. Se nossa postura é sempre complacente e submissa, tratando nosso interlocutor com deferência excessiva, corremos o risco de não manifestar nossas opiniões e não fazer valer nossos pontos de vista nas conversas. Pessoas complacentes e submissas acabam sendo pegas desprevenidas. É mais importante ser respeitado do que agradar os outros. Se você quer mudar o rumo de uma conversa, antes precisa mudar sua linguagem corporal. Seu sorriso parecerá sempre majestoso se você o combinar com uma postura régia. Seus gestos devem reforçar suas palavras, e não se contrapor a elas. COMO SE PROTEGER DO MAU HUMOR ALHEIO Costumo conhecer pessoas bastante sensíveis nos cursos de autoafirmação, e muitas delas têm enorme dificuldade em lidar com as variações de humor dos outros. Se alguém por perto começa a se queixar ou dar mostras de que seu estado de ânimo não é dos melhores, elas logo ficam de mau humor também. E se à sua volta os outros estão agitados e nervosos, elas se deixam contaminar pelo nervosismo. O que elas não sabem é que é sua vulnerabilidade que as deixa assim, à mercê do humor alheio. Basta seu interlocutor fazer um comentário mais duro que elas ficam ofendidas. E depois nada mais as anima. Você tem o direito de não se deixar contaminar pelo mau humor dos outros. Como toda sensibilidade precisa de proteção, recomendo que você adote a estratégia da couraça. Ela é muito útil e o ajudará a manter o mau humor dos outros a distância. Com essa estratégia, você poderá escutar seu interlocutor sem se deixar afetar pelo que ele diz. Os comentários indelicados vão entrar por um ouvido e sair pelo outro sem que seu estado de ânimo se altere. Mesmo que todos à sua volta estejam zangados ou nervosos, você conseguirá manter a serenidade. Se precisar repreender alguém, você conseguirá fazer isso sem que se sinta mal depois, e também não adotará uma postura defensiva se receber críticas, pois saberá lidar com elas de maneira equilibrada. Não importa o que os outros digam: se adotar a estratégia da couraça, você não se deixará contaminar pelo mau humor. COMO ATIVAR SUA COURAÇA E NÃO SE DEIXAR AFETAR PELO QUE OS OUTROS FALAM É bem provável que você já saiba o que é sua couraça, esse estado que lhe permite observar com tranquilidade o que os outros fazem e ouvir o que eles têm a dizer sem se deixar afetar por isso nem levar para o lado pessoal. Talvez você não saiba explicar como conseguiu manter a calma diante de alguém mal-humorado ou enfurecido. Mas a partir de agora você saberá ativar sua couraça e entrar em um estado de distanciamento sereno sempre que for necessário. Estratégia de autoafirmação: sua couraça 1. Adote a postura régia. Respire tranquila e profundamente. Relaxe. 2. Imagine que ao seu redor existe uma blindagem de vidro invisível através da qual você pode ver e ouvir tudo perfeitamente sem que nada possa feri-lo. Nada perigoso pode atravessar uma blindagem tão resistente. Essa é sua couraça. 3. Não tenha pressa. Leve o tempo que for preciso para notar como essa delimitação imaginária o protege. 4. Estas frases podem ajudá-lo a erguer sua couraça num instante: • “Essa situação não tem nada a ver comigo.” • “Não vou me importar com esse comentário grosseiro.” • “Esse problema não me diz respeito, então não vou me meter.” 5. Aconselho que você coloque sua couraça à prova primeiro em situações sem muita importância. Depois, quando estiver mais seguro, comprovará a eficiência dessa estratégia em questões mais complicadas. No começo, alguns de meus alunos pareceram céticos quando lhes apresentei essa estratégia. Eles achavam que desenvolver sua couraça era o mesmo que se fechar para os outros, isolando-se do mundo. Mas eles estavam equivocados, pois é justamente o contrário: só quando não levamos as palavras e os sentimentos do interlocutor para o lado pessoal é que podemos realmente escutar com atenção o que ele tem a nos dizer. Sua couraça lhe permitirá escutar atentamente o interlocutor sem se alterar. Sem a couraça, podemos facilmente ficar presos em nossos sentimentos e pensamentos, em vez de nos concentrar no que estão nos dizendo. Com ela, poderemos aceitar com serenidade até os comentários desagradáveis, como, por exemplo, críticas ao nosso trabalho. QUANDO AS CONVERSAS TERMINAM SEMPRE EM DISCUSSÃO Regina foi uma das alunas que se mostraram céticas quando expliquei a estratégia da couraça. Mas ela quis testá-la e fez isso numa situação que a angustiava havia muito tempo: uma visita à mãe. Sempre aconselho testar primeiro as estratégias de autoafirmação em situações simples, mas Regina quis logo pôr sua couraça à prova lidando com questões que ela considerava muito complicadas. Ela comentou que sempre tivera um relacionamento difícil com a mãe, que só via o lado negativo das coisas e reclamava o tempo todo. Desde pequena Regina teve que aguentar duras críticas e reprovações, e tinha a constante impressão de que a mãe nunca ficaria satisfeita e feliz com nada do que ela fizesse. Quando a conheci, ela já tinha mais de 40 anos, porém sua relação com a mãe continuava tensa. Ela evitava ao máximo visitá-la e, por isso, as duas só se viam no Natal, mas mesmo assim o encontro acabava em discussão. É inútil querer obter o reconhecimento de outra pessoa. O único reconhecimento de que você realmente necessita é o seu. Era sempre assim: a família sentava-se à mesa para a ceia e a conversa transcorria tranquilamente, até Regina começar a falar de seu trabalho ou a contar sobre sua viagem de férias. A mãe então passava a censurá-la, apontando defeitos nas escolhas da filha e fazendo pouco-caso de suas conquistas. Ao ouvir tantas reclamações e críticas, Regina se irritava e batia boca com ela, na frente de toda a família. A mãe dizia que tinha o direito de opinar sobre a vida dela e que não iria ficar calada. Essa cena se repetia todo Natal. Em vez de desfrutar uma noite tranquila e em paz com a família reunida, Regina passava o tempo brigando e discutindo. E foi por isso que ela quis testar a estratégia da couraça nessa ocasião. É inútil querer obter o reconhecimento de outra pessoa. O único reconhecimento de que você realmente necessita é o seu. Cada um tem o direito de ser como é, e desenvolver sua couraça impedirá que as palavras dos outros o atinjam. Numa entrevista de emprego, você também tem o direito de deixar claro o que espera do novo trabalho

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