segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O Príncipe - Maquiavel


O PRÍNCIPE


Quem foi Maquiavel?
Amante da política e defensor da república. Nada " maquiavélico" e sim alguém que em sua época foi capaz de analisar o ser humano e sua relação com poder de forma profunda e realista.
O Príncipe é sua principal obra escrita em 1513 em Florença - Itália tendo como destinatário o Magnífico Lorenzo filho de Piero de Medici trata-se de um espécie de guia para o Príncipe se manter no poder.
Para Maquiavel o Príncipe para se manter no poder precisa:
Ter Fortuna e Virtude. O filósofo compreende fortuna como "Sorte" e virtude como discernimento, perspicácia capacidade de ser bom sempre e mal quando necessário.
Outra questão importantíssima é que o Príncipe precisa se amado e temido, porém como as duas coisas não são compatíveis então que seja temido, não odiado, mas temido.
Os conselhos de Maquiavel são atualíssimos.
Obs. Essa obra foi lida, aplicada e comentada por Napoleão Bonaparte.



Consciência de Classe - K. Marx


O conceito de consciência de classe
Por Cristiano das Neves Bodart
Cristiano Bodart, doutor em Sociologia (USP) Professor do Programa de de Pós-Graduação em Sociologia (Ufal)
Alguns conceitos são centrais na Sociologia; dentre eles está “consciência de classe”. Para compreender esse conceito é necessário entender outros que o orbitam, que compõe, juntamente com outros, a teoria marxiana. São eles “classes sociais” , “ideologia” e alienação.
De acordo com a teoria marxiana – aquela desenvolvida por Karl Marx – as pessoas ocupam lugares diferentes na estrutura social, num sistema de estratificação. Na sociedade capitalista, grosso modo, uns poucos são donos de meio de produção (fabricas, bancos, propriedades rurais, etc.), enquanto que outros por não ter meios de produção vendem sua força de trabalho (são os assalariados) para sobreviver. Observando essa diferença, Marx passou a compreender a sociedade a partir de uma categorização denomina classes sociais. A partir dessa teoria – e com o desenvolvimento de outras formas de trabalho – o conceito foi se desenvolvendo para além da definição de quem tem ou não meios de produção, ainda que quase sempre o fator socioeconômico fosse usado para a classificação dos indivíduos em estratos sociais. Os estratos nas sociedades capitalistas são denominados classes.
Retomando Marx, se observa que classes mais abastadas (chamada por Marx de burguesia), além de detentoras dos meios de produção – que resulta em poder econômico – são, também, possuidoras do poder político. Buscando manter de domínio, seus privilégios e, sobretudo, a exploração sobre os proletariados (assim Marx chamava os assalariados) essas classes produzem falsas ideias que buscam, junto aos proletários, legitimar suas posições privilegiadas na estrutura social. Os proletários, por sua vez, manipulados pelas falsas ideias criadas pela burguesia (o que Marx chamou de ideologia) acabam não se rebelando e não reconhecendo sua situação de exploração, ao menos não a ponto de se rebelar contra o status quo.
Por meio da incompreensão de seu estado de explorado (o que Marx chamou de alienação) e de apropriação da riqueza que produz pelo patrão (o que foi denominado de mais-valia) o trabalhador acomoda-se, não reconhecendo a possibilidade de livrar-se das amarras da exploração burguesa. Trata-se do não reconhecimento de sua situação e da condição de muitos de seus semelhantes, o que não lhe possibilita compreender que é explorado e que pode, se organizado com outros indivíduos na mesma situação de classe, mudar os estados das coisas.
O reconhecimento de que pertence a uma classe de explorados Marx denominou de consciência de classe. Essa envolve dois tipos ou estados de consciência: “a consciência de si” e a “consciência para si”. Ou ainda, “classe em si” e “classe para si”.
A consciência de si é o reconhecimento de sua classe enquanto grupo subjugado no contexto do sistema capitalista. A classe é antes de tudo, um “ser” social e para se constituir como tal precisa da consciência de si mesma, reconhecendo suas potencialidades e fragilidades enquanto grupo social. A consciência de si é o estado de rompimento com a visão fatalista de mundo, a ruptura com o estado de alienação e o desenvolvimento de consciência dos sentimentos e sofrimentos alheios, identificando-se com outros sujeitos em mesma situação. Em outros termos, é a consciência que passa a ser capaz de apreender a realidade que cerca o sujeito. Esse sentimento abre espaço para emergência de uma consciência de classe “para si”.
A consciência para si envolve a percepção de que a organização enquanto classe unida é a chave para a ação política em direção à transformação do estado das coisas, do status quo. É importante mencionar que o grau de consciência de classe em si e para si possuem diferentes intensidades, mas sem consciência de classe em si não é possível, segundo Marx, a produção de uma consciência para si. Ambas as consciências compõem, como denomina a teoria marxiana, a consciência de classe.
Referências
Meszáros, I. A teoria da alienação em Marx. Trad. de Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2006.
Marx, K. Manuscritos econômico-filosóficos. Trad. de Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, [1844] 2004.
Marx, K. O 18º Brumário de Louis Bonaparte. (2a Ed). Lisboa: Avante, [1852] 2003.
Marx, K. e Engels, F. A ideologia alemã. Trad. de Silvio Donizete Chagas. São Paulo: Centauro, [1845] 2005.

Alienação K. Marx


Alienação em Marx
Por Cristiano das Neves Bodart
A partir do conceito de alienação Karl Marx propôs a tese é de que o homem, no contexto do Capitalismo, se aliena em relação ao fruto de seu trabalho e a sua própria essência e espécie.
Marx desenvolveu o conceito de “alienação” em sua obra “Manuscritos Econômico-filosóficos” ou “Manuscritos de Paris” (1844), obra que embora escrito ainda em sua “juventude”, só veio a ser conhecida por um público maior em 1932. Nas palavras de Sell (2013, p. 48), para Marx
A alienação significa que a ‘exteriorização’ e objetivação dos bens sociais que resultam do processo de trabalho tornaram-se autônomos e independentes do homem, apresentando-se como realidades ‘estranhas’ e opostas a ele, como um ser alheio que o domina”.
Na explicação de Marx, o trabalho, que em sua essência diferencia o homem dos animais, o possibilitando tornar-se um ser cultural, capaz de dominar a natureza, no Capitalismo, o subjuga e o deforma. O trabalho que deveria ser uma ação de realização pessoal, de criação e recriação de si mesmo em relação ao seu produto criado, sob o sistema econômico capitalista, o aliena. “O trabalho inverte o papel e, de meio para realização do indivíduo como ser humano, passa a negar e a impedir o desenvolvimento de sua natureza” (SELL, 2013, p.48). Embora não tivesse sido objeto de discussão em Marx, seguindo sua lógica, podemos afirmar que por esse motivo vemos tantas pessoas escravas do trabalho e doentes por conta dele. Certamente nunca tivemos tantas pessoas com esgotamento mental, com problemas emocionais e psíquicos como agora.
A alienação também atinge o homem em relação com os demais homens. As relações passam a ser mediadas e controladas pelo capital. Cada homem, sob a lógica do capital, possui um valor diretamente relacionado a sua capacidade de ampliar o capital. A partir dessas premissas, podemos nos remeter as expressões como “quanto vale o jogador Neymar?” O seu valor, sob a lógica de Marx, seria calculado a partir do seu potencial de gerar condições para a reprodução do capital. No mundo capitalista, todos temos um preço e as relações sociais são fortemente influenciadas por quanto valemos, ou melhor, por quanto podemos gerar de capital.
Como a indústria foi na época de Marx (e ainda é em grande parte do mundo) o setor mais produtivo de capital, o capitalismo para desenvolver-se criou mecanismos para que o valor dos homens que atuam nas fábricas não fosse elevado e, com isso, ampliar o lucro e concentrar o capital nas mãos de poucos (da burguesia). Nesse sentido, o capitalismo ao tornar a produção especializada (por meio da divisão de tarefas), fez com que um trabalhador individualmente não tenha muito valor em relação ao que produz. Como o trabalhador fabril não consegue mensurar sua capacidade produtiva, devido a especialização do trabalho, este ao estar alienado não consegue vender sua mão de obra por valores mais altos.
Para Marx,
[…] à primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial, imediatamente compreensível. Analisando-a, vê-se que ela é algo muito estranho, cheia de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas” (MARX, 1994, p.79).
A especialização aliena o trabalhador em relação do produto, o que desencadeia o que mais tarde Marx chamou de “Fetichismo da Mercadoria”. Além da alienação em relação ao produto, o torna alienado em relação ao poder que antes detinha sobre o processo produtivo, o que reduz suas condições de negociar melhores salários.
Em síntese, a alienação do homem se dá, no contexto capitalista, em relação ao seu próprio trabalho, em relação ao processo de produção, em relação a natureza humana e em relação a sua própria espécie.
Na lógica do capital há, para Marx, uma inversão no sentidos das relações sociais: o homem passa a ser objeto e o objeto a ser sujeito. O que temos, desta forma, é uma mercantilização da vida e das relações sociais, estando o homem a dominado pela produção.
Cristiano Bodart, doutor em Sociologia (USP) Professor do Programa de de Pós-Graduação em Sociologia (Ufal)
Referências
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 6 vol. Rio de Janeiro: Bertrand Brasi, 1994, 6 vols.
SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica: Marx, Durkheim e Weber. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2013.

Filosofia de Nith


Filosofia de Nietzche
Nietzsche fez a filosofia virar algo perigoso. Os pensamentos de Nietzsche nos aconselham a viver perigosamente, pois, como Hegel havia anunciado, e ele confirmou, Deus está definitivamente morto. Entre outras, Nietzsche nos recomenda a vitória como único remédio para nossas angústias.A obra de Friedrich Wilhelm Nietzsche mudou a visão da humanidade sobre a filosofia. A arte de pensar desenvolvida pelos gregos e revivida por Descartes e Kant pareceu com Nietzsche ter realmente adquirido importância, até por que os seus textos mostravam uma filosofia diferente, que tinha estilo, lucidez e era possível de ser lida e compreendida.Suas idéias que conceberam a doutrina da vontade da potência, o super-homem e o eterno retorno iluminaram a imaginação dos homens. Nietzsche terminou louco, mas seus pensamentos que influenciam gerações não são frutos de sua insanidade mental nem se relacionam com os ideais dos aproveitadores que tentaram usá-los para justificarem suas insanidades.
Uma filosofia construída a partir de aforismos e frases lapidares e que podia ser compreendida por todos. Esse foi o feito de Nietzsche que transformou a filosofia em algo tão perigoso a partir dele. Com um pensamento desenvolvido em diferentes direções, mas em geral coerente, ele não constrói sua filosofia de forma metódica.A principal contribuição filosófica de Nietzsche é o conceito da “vontade de potência”. Baseado nas idéias de Schopenhaeur e dos gregos antigos, ele concluiu que a humanidade é impelida por um desejo de potência que se modifica ao longo dos séculos. Nietzsche diz que o que a humanidade fazia antes por amor a Deus ela o faz agora por amor ao dinheiro. Para ele, o cristianismo foi uma perversão dessa vontade, já que suas idéias de humildade, amor fraterno e compaixão significam o oposto desse desejo. Ao aplicar a vontade de potência na análise da motivação humana, Nietzsche mostra que atos que parecem nobres ou louváveis não passam de atitudes decadentes ou doentias.Outro importante e famoso conceito desenvolvido por Nietzsche é o do super-homem. Representado pela figura de Zaratustra, ele prega a destruição dos valores cristãos. Num mundo sem Deus, cada indivíduo deve forjar seus próprios valores com total liberdade, já que seus atos não estarão sujeitos a qualquer sanção divina ou de outra natureza. Segundo Nietzsche, “o objetivo da humanidade não pode residir em seu fim, mas em seus espécimes mais elevados”.Um pensamento desenvolvido por Nietzsche foi o do eterno retorno, que segundo ele seria a fórmula para a grandeza de um ser humano. Para isso, deveríamos agir como se a vida que vivemos continuasse a se repetir para sempre. Assim, cada momento terá de ser revivido repetidas vezes eternamente. Trata-se, na verdade, de uma exortação para que vivamos nossas vidas ao máximo. Mas, do ponto de vista filosófico ou moral, o eterno retorno torna-se sem sentido, uma vez que se tivermos lembranças dessas vidas recorrentes certamente faríamos mudanças, e se não tivermos, elas são irrelevantes. A grande força do conceito de eterno retorno é mais poética do que filosófica.Entre a sua “morte” espiritual em 1889, quando ficou clinicamente louco, e a física em 1900, a obra de Nietzsche ganhou projeção e reconhecimento mundial. Grande parte do universo intelectual e artístico do século 20 foi profundamente influenciada por seus pensamentos.
Aos desprezadores do corpo desejo falar. Eles não devem aprender e ensinar diferentemente, mas apenas dizer adeus a seu próprio corpo — e, assim, emudecer.
Corpo sou eu e alma” — assim fala a criança. E por que não se deveria falar como as crianças?
Mas o desperto, o sabedor, diz: corpo sou eu inteiramente, e nada mais; e alma é apenas uma palavra para um algo no corpo.
O corpo é uma grande razão, uma multiplicidade com um só sentido, uma guerra e uma paz, um rebanho e um pastor.
Instrumento de teu corpo é também tua pequena razão que chamas de “espírito”, meu irmão, um pequeno instrumento e brinquedo de tua grande razão.
Eu”, dizes tu, e tens orgulho dessa palavra. A coisa maior, porém, em que não queres crer — é teu corpo e sua grande razão: essa não diz Eu, mas faz Eu.
O que o sentido sente, o que o espírito conhece, jamais tem fim em si mesmo. Mas sentido e espírito querem te convencer de que são o fim de todas as coisas: tão vaidosos são eles.
Instrumentos e brinquedos são sentidos e espírito: por trás deles está o Si-mesmo.
O Si-mesmo também procura com os olhos do sentido, também escuta com os ouvidos do espírito.
O Si-mesmo sempre escuta e procura: compara, submete, conquista, destrói. Domina e é também o dominador do Eu.
Por trás dos teus pensamentos e sentimentos, irmão, há um poderososoberano, um sábio desconhecido — ele se chama Si-mesmo. Em teu corpo habita ele, teu corpo é ele.
Há mais razão em teu corpo do que em tua melhor sabedoria. E quem sabe por que teu corpo necessita justamente de tua melhor sabedoria?
Teu Si-mesmo ri de teu Eu e de seus saltos orgulhosos. “Que são para mim esses saltos e voos do pensamento?”, diz para si. “Um rodeio até minha meta.
Eu sou a andadeira do Eu e o soprador dos seus conceitos.”
O Si-mesmo diz para o Eu: “Sente dor aqui!”. E esse sofre e reflete em como não mais sofrer — e justamente para isso deve pensar.
O Si-mesmo diz para o Eu: “Sente prazer aqui!”. E esse se alegra e reflete em como se alegrar mais — e justamente para isso deve pensar.
Aos desprezadores do corpo tenho algo a dizer. O fato de desprezarem constitui o seu prezar. O que foi que criou o prezar e o desprezar, o valor e a vontade?
O Si-mesmo criador criou para si o prezar e o desprezar, criou para si o prazer e a dor. O corpo criador criou para si o espírito, como uma mão de sua vontade.
Ainda em vossa tolice e desprezo, vós, desprezadores do corpo, atendeis ao vosso Si-mesmo. Eu vos digo: vosso próprio Si-mesmo quer morrer e se afasta da vida.
Já não é capaz de fazer o que mais deseja: — criar para além de si. Isso é o que mais deseja, isso é todo o seu fervor.
Mas ficou tarde demais para isso: — então vosso Si-mesmo quer perecer, desprezadores do corpo!
Vosso Si-mesmo quer perecer, e por isso vos tornastes desprezadores do corpo! Pois não mais sois capazes de criar para além de vós.
E por isso vos irritais agora com a vida e a terra. Há uma inconsciente inveja no oblíquo olhar do vosso desprezo.
Não seguirei vosso caminho, desprezadores do corpo! Não sois, para mim, pontes para o super-homem! —
Assim falou Zaratustra.


(Friedrich Nietzsche "assim falou Zaratustra")
Friedrich Nietzsche: uma introdução*
Friedrich Nietzsche nasceu em Rocken, uma pequena vila da Alemanha, em 1844. Estudou na famosa escola preparatória
de Schulpforta, que já havia tido nomes como o filósofo Fichte, e entrou para a Universidade de Bonn, tendo mais tarde se transferido para a Universidade de Leipizig, para concentrar seus estudos em filologia.
Sua maior descoberta em Leipizig talvez tenha sido um livro acanhado nas prateleiras da biblioteca universitária chamado “O Mundo como Vontade e Representação”, de Arthur Schopenhauer. Nietzsche adorou a crítica voraz com que o filósofo destroçava a sociedade de sua época e se interessou pelo estilo ateu de escrita.
Este estilo ateu de Schopenhauer injetou em Nietzsche a força para se desprender de toda a metafísica até então dominante. Era necessário bolar uma nova ideia sobre o homem, concebê-lo de um novo jeito: não havia mais como entendê-lo como objeto ou como essência fixa. O homem é pura mutação.
O homem e a moral
A característica do homem é sua mutabilidade eterna. Essa mutabilidade precisa ser controlada pelo rebanho, para que a imprevisibilidade que carrega se docilize (e se transforme em previsibilidade adequada às normas sociais). Segundo Nietzsche, o homem, que é pura criação, não pode se rebaixar à previsão científica: ele cria, se expande, quer sempre mais, não é um objeto sensível ou uma engrenagem mecânica.
É por isso que o autor rejeita a moral que ele chama de contranatural.
É necessário separar dois tipos de moral: 1) a natural, que está de acordo com os instintos do homem, com sua sede de dominação, com o livre fluxo da vontade de potência; e 2) a moral contranatural, aquela que está de acordo com a castração, com o viver da vida não digno, com o ódio à vida, que é
característica do rebanho.
O fundamental da filosofia de Nietzsche está na concepção do homem enquanto vida que quer mais vida, enquanto potência que quer mais potência – indivíduo de moral natural. Mas porque este tipo de homem não é visto por aí? Afinal, Nietzsche critica toda a sociedade europeia, retira de sua época qualquer possibilidade de alcançar uma vida de fato plena – onde está, então, o tipo de homem livre, potente?
O super-homem
Este seria o super-homem, conceito tão mal interpretado de sua filosofia. O super-homem, ao contrário do senso comum, não é uma tentativa de Nietzsche se aproximar de políticas que viriam a ser o nazismo, essa é uma má apropriação nazista do conceito. O super-homem é o homem que vive como artista, é pura criação. Ele ama a vida, amor-fati!
E o que isso tem a ver com as ciências humanas contemporâneas? Primeiramente é necessário observar que Freud bebeu muito de Nietzsche. O conceito de pulsão é diretamente influenciado pelo conceito de vontade de potência.
Partindo disso, como não perceber a influência de Freud em Deleuze, Foucault, Bourdieu entre outros, além da criação de procedimentos e ferramentas de análise baseadas na multiplicidade exposta por Nietzsche em sua filosofia, como a genealogia foucaultiana?
Nietzsche como caixa de ferramentas
A genealogia foucaultiana é a extrapolação para as ciências humanas da genealogia da moral. Um jeito não histórico de fazer história, ou seja, um jeito de se fazer história sem sujeição aos marcos do pensamento marxista ou positivista. Não se trata de observar uma linha do tempo de fatos que precisam ser observados, mas sim de observar forças que se concatenam em uma luta constante por sobrevivência.
Esse é o grande trunfo de Nietzsche, sua filosofia é uma caixa de ferramentas perfeita, conforme Deleuze descreveu a própria função da filosofia. É uma caixa de ferramentas pronta para ser utilizada por qualquer um que queira adentrar em seu mundo.
O mundo da filosofia nietzscheana, portanto, não é um lugar inóspito e aristocrata: mas é um campo de criação e sublimação.



FALÁCIAS


1. Espantalho
Você desvirtuou um argumento para torná-lo mais fácil de atacar.
Ao exagerar, desvirtuar ou simplesmente inventar um argumento de alguém,
fica bem mais fácil apresentar a sua posição como razoável ou válida.
Este tipo de desonestidade não apenas prejudica o discurso racional,
como também prejudica a própria posição de alguém que o usa, por colocar
em questão a sua credibilidade – se você está disposto a desvirtuar
negativamente o argumento do seu oponente, será que você também não
desvirtuaria os seus positivamente?
2. Causa Falsa
Você supôs que uma relação real ou percebida entre duas coisas significa que uma é a causa da outra.
Uma variação dessa falácia é a “cum hoc ergo propter hoc
(com isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe que, pelo fato
de duas coisas estarem acontecendo juntas, uma é a causa da outra. Este
erro consiste em ignorar a possibilidade de que possa haver uma causa em
comum para ambas, ou, como mostrado no exemplo abaixo, que as duas
coisas em questão não tenham absolutamente nenhuma relação de causa, e a
sua aparente conexão é só uma coincidência.
Outra variação comum é a falácia “post hoc ergo propter hoc
(depois disto, logo por causa disto), na qual uma relação causal é
presumida porque uma coisa acontece antes de outra coisa, logo, a
segunda coisa só pode ter sido causada pela primeira.


3. Apelo à emoção
Você tentou manipular uma resposta emocional no lugar de um argumento válido ou convincente.
Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre outros.
É importante dizer que às vezes um argumento logicamente coerente pode
inspirar emoção, ou ter um aspecto emocional, mas o problema e a falácia
acontecem quando a emoção é usada no lugar de um argumento lógico. Ou,
para tornar menos claro o fato de que não existe nenhuma relação
racional e convincente para justificar a posição de alguém.
Exceto
os sociopatas, todos são afetados pela emoção, por isso apelos à emoção
são uma tática de argumentação muito comum e eficiente. Mas eles são
falhos e desonestos, com tendência a deixar o oponente de alguém
justificadamente emocional.


4. A falácia da falácia
Supor que uma afirmação está necessariamente errada só porque ela não foi bem construída ou porque uma falácia foi cometida.
Há poucas coisas mais frustrantes do que ver alguém argumentar de maneira
fraca alguma posição. Na maioria dos casos um debate é vencido pelo
melhor debatedor, e não necessariamente pela pessoa com a posição mais
correta. Se formos ser honestos e racionais, temos que ter em mente que
só porque alguém cometeu um erro na sua defesa do argumento, isso não
necessariamente significa que o argumento em si esteja errado.


5. Ladeira Escorregadia
Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça A fará com que aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.
O problema com essa linha de raciocínio é que ela evita que se lide com a
questão real, jogando a atenção em hipóteses extremas. Como não se
apresenta nenhuma prova de que tais hipóteses extremas realmente
ocorrerão, esta falácia toma a forma de um apelo à emoção do medo.
6. Ad hominem
Você ataca o caráter ou traços pessoais do seu oponente em vez de refutar o argumento dele.
Ataques ad hominem podem assumir a forma de golpes pessoais e diretos contra
alguém, ou mais sutilmente jogar dúvida no seu caráter ou atributos
pessoais. O resultado desejado de um ataque 
ad hominem é prejudicar o oponente de alguém sem precisar de fato se engajar no argumento dele ou apresentar um próprio.
7. Tu quoque (você também)
Você evitar ter que se engajar em críticas virando as próprias críticas contra o acusador – você responde críticas com críticas.
Esta falácia, cuja tradução do latim é literalmente “você também”, é
geralmente empregada como um mecanismo de defesa, por tirar a atenção do
acusado ter que se defender e mudar o foco para o acusador.
A implicação é que, se o oponente de alguém também faz aquilo de que acusa
o outro, ele é um hipócrita. Independente da veracidade da
contra-acusação, o fato é que esta é efetivamente uma tática para evitar
ter que reconhecer e responder a uma acusação contida em um argumento –
ao devolver ao acusador, o acusado não precisa responder à acusação.
8. Incredulidade pessoal
Você considera algo difícil de entender, ou não sabe como funciona, por isso você dá a entender que não seja verdade.
Assuntos complexos como evolução biológica através de seleção natural exigem
alguma medida de entendimento sobre como elas funcionam antes que alguém
possa entendê-los adequadamente; esta falácia é geralmente usada no
lugar desse entendimento.
9. Alegação especial
Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a estarem errados.
Em vez de aproveitar os benefícios de poder mudar de ideia graças a um
novo entendimento, muitos inventarão modos de se agarrar a velhas
crenças. Uma das maneiras mais comuns que as pessoas fazem isso é
pós-racionalizar um motivo explicando o porque aquilo no qual elas
acreditavam ser verdade deve continuar sendo verdade.
É geralmente
bem fácil encontrar um motivo para acreditar em algo que nos favorece, e
é necessária uma boa dose de integridade e honestidade genuína consigo
mesmo para examinar nossas próprias crenças e motivações sem cair na
armadilha da auto-justificação.
10. Pergunta carregada
Você faz uma pergunta que tem uma afirmação embutida, de modo que ela não pode ser respondida sem uma certa admissão de culpa.
Falácias desse tipo são particularmente eficientes em descarrilar discussões
racionais, graças à sua natureza inflamatória – o receptor da pergunta
carregada é compelido a se justificar e pode parecer abalado ou na
defensiva. Esta falácia não apenas é um apelo à emoção, mas também
reformata a discussão de forma enganosa.
11. Ônus da prova
Você espera que outra pessoa prove que você está errado, em vez de você mesmo provar que está certo.
O ônus (obrigação) da prova está sempre com quem faz uma afirmação, nunca
com quem refuta a afirmação. A impossibilidade, ou falta de intenção,
de provar errada uma afirmação não a torna válida, nem dá a ela nenhuma
credibilidade.
No entanto, é importante estabelecer que nunca
podemos ter certeza de qualquer coisa, portanto devemos valorizar cada
afirmação de acordo com as provas disponíveis. Tirar a importância de um
argumento só porque ele apresenta um fato que não foi provado sem
sombra de dúvidas também é um argumento falacioso.
12. Ambiguidade
Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade de modo enganoso.
Políticos frequentemente são culpados de usar ambiguidade em seus discursos, para
depois, se forem questionados, poderem dizer que não estavam
tecnicamente mentindo. Isso é qualificado como uma falácia, pois é
intrinsecamente enganoso.

13. Falácia do apostador
Você diz que “sequências” acontecem em fenômenos estatisticamente
independentes, como rolagem de dados ou números que caem em uma roleta.
Esta falácia de aceitação comum é provavelmente o motivo da criação da
grande e luminosa cidade no meio de um deserto americano chamada Las Vegas.
Apesar da probabilidade geral de uma grande sequência do
resultado desejado ser realmente baixa, cada lance do dado é, em si
mesmo, inteiramente independente do anterior. Apesar de haver uma chance
baixíssima de um cara-ou-coroa dar cara 20 vezes seguidas, a chance de
dar cara em cada uma das vezes é e sempre será de 50%, independente de
todos os lances anteriores ou futuros.
14. Ad populum
Você apela para a popularidade de um fato, no sentido de que muitas pessoas
fazem/concordam com aquilo, como uma tentativa de validação dele.
A falha nesse argumento é que a popularidade de uma ideia não tem
absolutamente nenhuma relação com a sua validade. Se houvesse, a Terra
teria se feito plana por muitos séculos, pelo simples fato de que todos
acreditavam que ela era assim.
15. Apelo à autoridade
Você usa a sua posição como figura ou instituição de autoridade no lugar de um argumento válido. (A popular “carteirada”.)
É importante mencionar que, no que diz respeito a esta falácia, as
autoridades de cada campo podem muito bem ter argumentos válidos, e que
não se deve desconsiderar a experiência e expertise do outro.
Para formar um argumento, no entanto, deve-se defender seus próprios
méritos, ou seja, deve-se saber por que a pessoa em posição de
autoridade tem aquela posição. No entanto, é claro, é perfeitamente
possível que a opinião de uma pessoa ou instituição de autoridade esteja
errada; assim sendo, a autoridade de que tal pessoa ou instituição goza
não tem nenhuma relação intrínseca com a veracidade e validade das suas
colocações.
16. Composição/Divisão
Você implica que uma parte de algo deve ser aplicada a todas, ou outras, partes daquilo.
Muitasvezes, quando algo é verdadeiro em parte, isso também se aplica ao
todo, mas é crucial saber se existe evidência de que este é mesmo o
caso.
Já que observamos consistência nas coisas, o nosso
pensamento pode se tornar enviesado de modo que presumimos consistência e
padrões onde eles não existem.
17. Nenhum escocês de verdade…
Você faz o que pode ser chamado de apelo à pureza como forma de rejeitar críticas relevantes ou falhas no seu argumento.
Nesta forma de argumentação falha, a crença de alguém é tornada
infalsificável porque, independente de quão convincente seja a evidência
apresentada, a pessoa simplesmente move a situação de modo que a
evidência supostamente não se aplique a um suposto “verdadeiro” exemplo.
Esse tipo de pós-racionalização é um modo de evitar críticas válidas ao
argumento de alguém.
18. Genética
Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua origem.
Esta falácia evita o argumento ao levar o foco às origens de algo ou alguém. É similar à falácia ad hominem no sentido de que ela usa percepções negativas já existentes para fazer
com que o argumento de alguém pareça ruim, sem de fato dissecar a falta
de mérito do argumento em si.
19. Preto-ou-branco
Você apresenta dois estados alternativos como sendo as únicas possibilidades, quando de fato existem outras.
Também conhecida como falso dilema,
esta tática aparenta estar formando um argumento lógico, mas sob
análise mais cuidadosa fica evidente que há mais possibilidades além das
duas apresentadas. O pensamento binário da falácia
preto-ou-branco não leva em conta as múltiplas variáveis, condições e
contextos em que existiriam mais do que as duas possibilidades apresentadas. Ele molda o argumento de forma enganosa e obscurece o
debate racional e honesto.
20. Tornando a questão supostamente óbvia
Você apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi incluída na premissa.
Este argumento logicamente incoerente geralmente surge em situações onde as
pessoas têm crenças bastante enraizadas, e por isso consideradas
verdades absolutas em suas mentes. Racionalizações circulares são ruins
principalmente porque não são muito boas.
21. Apelo à natureza
Você argumenta que só porque algo é “natural”, aquilo é válido, justificado, inevitável ou ideal.
Só porque algo é natural, não significa que é bom. Assassinato, por
exemplo, é bem natural, e mesmo assim a maioria de nós concorda que não é
lá uma coisa muito legal de você sair fazendo por aí. A sua
“naturalidade” não constitui nenhum tipo de justificativa.
22. Anedótica
Você usa uma experiência pessoal ou um exemplo isolado em vez de um argumento sólido ou prova convincente.
Geralmente é bem mais fácil para as pessoas simplesmente acreditarem no testemunho
de alguém do que entender dados complexos e variações dentro de um 
continuum.
Medidas quantitativas científicas são quase sempre mais precisas do que
percepções e experiências pessoais, mas a nossa inclinação é acreditar
naquilo que nos é tangível, e/ou na palavra de alguém em quem confiamos,
em vez de em uma realidade estatística mais “abstrata”.
23. O atirador do Texas
Você escolhe muito bem um padrão ou grupo específico de dados que sirva para
provar o seu argumento sem ser representativo do todo.
Esta falácia de “falsa causa” ganha seu nome partindo do exemplo de um
atirador disparando aleatoriamente contra a parede de um galpão, e, na
sequência, pintando um alvo ao redor da área com o maior número de
buracos, fazendo parecer que ele tem ótima pontaria.
Grupos específicos de dados como esse aparecem naturalmente, e de maneira
imprevisível, mas não necessariamente indicam que há uma relação causal.
24. Meio-termo
Você declara que uma posição central entre duas extremas deve ser a verdadeira.
Em muitos casos, a verdade realmente se encontra entre dois pontos
extremos, mas isso pode enviezar nosso pensamento: às vezes uma coisa
simplesmente não é verdadeira, e um meio termo dela também não é
verdadeiro. O meio do caminho entre uma verdade e uma mentira continua
sendo uma mentira.

  1. Exemplo:
    Depois de Felipe dizer que o governo deveria investir mais em saúde e
    educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso que Felipe odeie tanto o
    Brasil, a ponto de querer deixar o nosso país completamente indefeso,
    sem verba militar.
  2. Exemplo:
    Apontando para um gráfico metido a besta, Rogério mostra como as
    temperaturas têm aumentado nos últimos séculos, ao mesmo tempo em que o
    número de piratas têm caído; sendo assim, obviamente, os piratas é que
    ajudavam a resfriar as águas, e o aquecimento global é uma farsa.
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  1. Exemplo: Lucas
    não queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas
    seu pai o lembrou de todas as crianças famintas de algum país de
    terceiro mundo que não tinham a sorte de ter qualquer tipo de comida.
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  1. Exemplo:
    Percebendo que Amanda cometeu uma falácia ao defender que devemos comer
    alimentos saudáveis porque eles são populares, Alice resolveu ignorar a
    posição de Amanda por completo e comer Whopper Duplo com Queijo no
    Burger King todos os dias.
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  1. Exemplo:
    Armando afirma que, se permitirmos casamentos entre pessoas do mesmo
    sexo, logo veremos pessoas se casando com seus pais, seus carros e seus
    macacos Bonobo de estimação.5.1)
    Exemplo 2: a explicação feita após o terceiro subtítulo – “O voto divergente do ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira escorregadia” – deste texto sobre aborto. Vale a leitura.
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  1. Exemplo:
    Depois de Salma apresentar de maneira eloquente e convincente uma
    possível reforma do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta
    aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita
    por uma mulher que não é casada, já foi presa e, pra ser sincero, tem um
    cheiro meio estranho.
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  1. Exemplo:
    Nicole identificou que Ana cometeu uma falácia lógica, mas, em vez de
    retificar o seu argumento, Ana acusou Nicole de ter cometido uma falácia
    anteriormente no debate.7.1)
    Exemplo 2: O
    político Aníbal Zé das Couves foi acusado pelo seu oponente de ter
    desviado dinheiro público na construção de um hospital. Aníbal não
    responde a acusação diretamente e devolve insinuando que seu oponente
    também já aprovou licitações irregulares em seu mandato.
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  1. Exemplo: Henrique
    desenhou um peixe e um humano em um papel e, com desdém efusivo,
    perguntou a Ricardo se ele realmente pensava que nós somos babacas o
    bastante para acreditar que um peixe acabou evoluindo até a forma humana
    através de, sei lá, um monte de coisas aleatórias acontecendo com o
    passar dos tempos.
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  1. Exemplo:
    Eduardo afirma ser vidente, mas quando as suas “habilidades” foram
    testadas em condições científicas apropriadas, elas magicamente
    desapareceram. Ele explicou, então, que elas só funcionam para quem tem
    fé nelas.
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  1. Exemplo:
    Graça e Helena estavam interessadas no mesmo homem. Um dia, enquanto
    ele estava sentado próximo suficiente a elas para ouvir, Graça pergunta
    em tom de acusação: “como anda a sua rehabilitação das drogas, Helena?”
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  1. Exemplo:
    Beltrano declara que uma chaleira está, nesse exato momento, orbitando o
    Sol entre a Terra e Marte e que, como ninguém pode provar que ele está
    errado, a sua afirmação é verdadeira.
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  1. Exemplo: Em um
    julgamento, o advogado concorda que o crime foi desumano. Logo, tenta
    convencer o júri de que o seu cliente não é humano por ter cometido tal
    crime, e não deve ser julgado como um humano normal.
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  1. Exemplo:
    Uma roleta deu número vermelho seis vezes em sequência, então Gregório
    teve quase certeza que o próximo número seria preto. Sofrendo uma forma
    econômica de seleção natural, ele logo foi separado de suas economias.
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  1. Exemplo:
    Luciano, bêbado, apontou um dedo para Jão e perguntou como é que tantas
    pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e
    boba. Jão, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e
    afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes
    de fato existirem é grande.
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  1. Exemplo: Impossibilitado de
    defender a sua posição de que a teoria evolutiva “não é real”, Roberto
    diz que ele conhece pessoalmente um cientista que também questiona a
    Evolução e cita uma de suas famosas falas.15.1)
    Exemplo 2:
    Um professor de matemática se vê questionado de maneira insistente por
    um aluno especialmente chato. Lá pelas tantas, irritado após cometer um
    deslize em sua fala, o professor argumenta que tem mestrado
    pós-doutorado e isso é mais do que suficiente para o aluno confiar nele.
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  1. Exemplo:
    Daniel era uma criança precoce com uma predileção por pensamento lógico.
    Ele sabia que átomos são invisíveis, então logo concluiu que ele, por
    ser feito de átomos, também era invisível. Nunca foi vitorioso em uma
    partida de esconde-esconde.
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  1. Exemplo: Angus declara
    que escoceses não colocam açúcar no mingau, ao que Lachlan aponta que
    ele é um escocês e põe açúcar no mingau. Furioso, como um “escocês de
    verdade”, Angus berra que nenhum escocês de verdade põe açúcar no seu
    mingau.
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  1. Exemplo:
    Acusado no Jornal Nacional de corrupção e aceitação de propina, o
    senador disse que devemos ter muito cuidado com o que ouvimos na mídia,
    já que todos sabemos como ela pode não ser confiável.
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  1. Exemplo: Ao
    discursar sobre o seu plano para fundamentalmente prejudicar os direitos
    do cidadão, o Líder Supremo falou ao povo que ou eles estão do lado dos
    direitos do cidadão ou contra os direitos.
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  1. Exemplo:
    A Palavra do Grande Zorbo é perfeita e infalível. Nós sabemos disso
    porque diz aqui no Grande e Infalível Livro das Melhores e Mais
    Infalíveis Coisas do Zorbo Que São Definitivamente Verdadeiras e Não
    Devem Nunca Serem Questionadas.20.1)
    Exemplo 2: O plano estratégico de marketing é o melhor possível, foi assinado pelo Diretor Bam-bam-bam.
  2. Exemplo:
    O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua carroça cheia de remédios
    completamente naturais, incluindo garrafas de água pura muito especial.
    Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e desconfiarem de
    remédios “artificiais”, como antibióticos.
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  1. Exemplo:
    José disse que o seu avô fumava, tipo, 30 cigarros por dia e viveu até
    os 97 anos — então não acredite nessas meta análises que você lê sobre
    estudos metodicamente corretos provando relações causais entre cigarros e
    expectativa de vida.
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  1. Exemplo:
    Os fabricantes do bebida gaseificada Cocaçúcar apontam pesquisas que
    mostram que, dos cinco países onde a Cocaçúcar é mais vendida, três
    estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo, logo, Cocaçúcar é
    saudável.
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  1. Exemplo: Mariana disse que
    a vacinação causou autismo em algumas crianças, mas o seu estudado
    amigo Calebe disse que essa afirmação já foi derrubada como falsa, com
    provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu um meio-termo: talvez as
    vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.
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Dialética de Marx e Engels


Dialética: Marx e Engels
Por Roniel Sampaio Silva
Antes de tudo, devemos nos perguntar o que é dialética? Dialética, grosso modo, é a percepção de que a realidade não é constituída de uma essência imutável. Ela parte da premissa que há um constante movimento que transforma a realidade a partir das suas contradições.
A dialética remonta a uma construção histórica que começa na antiguidade clássica grega e se estende até os dias atuais. Em contraposição a dialética, há também na filosofia o idealismo, que parte da premissa que a realidade é formada de aspectos que são essencialmente imutáveis, ou ainda que a realidade se dirige a uma perfeição. Enquanto a dialética tinha como representante Sócrates e Heráclito, alguns dos representantes do idealismo era Parmênides e Platão. Com as transformações sociais que se seguiam, a dialética foi sufocada em favor da ascensão do idealismo em razão das classes dominantes enxergarem no idealismo um instrumento de manutenção de seus próprios privilégios na medida em que ficava mais fácil as pessoas aceitarem que o fato de quem são e o que fazem é sustentado na crença de uma essência imutável.
Na era moderna, com as transformações sociais e maior circulação de ideias e mercadorias a dialética passa a ser permanentemente revitalizada. A filosofia alemã de Kant e Hegel, mesmo sendo filosofias com grande apelo ao idealismo usam instrumentos do pensamento dialético e a revitaliza.
Foi com Hegel que a dialética passa a ter uma boa sustentação teórica. Para este autor, o entendimento da realidade parte das ideias para o concreto, que é imperfeito, para retornar as ideias numa dimensão idealizada que tende a perfeição. Assim, o homem tende a se constituir a partir do trabalho intelectual para fazer exercícios de mediação da realidade que vão fazendo movimentos de totalização da realidade. Ou seja, o exercício intelectual deve ser feita de modo a compreender as contradições da realidade e articulando tais contradições com as várias dimensões até ir compreendendo a visão do todo. Para Hegel a busca da verdade está no exercício das buscas de contradições, visando articular as várias dimensões da realidade, quanto mais conexões se fazem, maior entendimento da realidade se tem
Marx usa como referencia a dialética de Hegel, mas a inverte, passa a conceber o trabalho material como constituinte fundamental da historia e por conta disso, o exercício da reflexão deve fazer o movimento partindo do concreto, indo para o abstrato e retornando para novamente para o concreto. Foi a partir das contribuições de Feuerbach que o materialismo foi incorporado a teoria de Marx e as contradições da realidade foram analisadas com base nas condições materiais, dando um caráter empírico a dialética.
Neste sentido, a partir do método materialista histórico de Marx ele concluiu que as condições materiais criam contradições que criam classes sociais que se antagonizam entre si e dá dinâmica a história da humanidade.
Referência:
KONDER, Leandro. O que é dialética. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988.