Dialética:
Marx e Engels
Por
Roniel Sampaio Silva
Antes
de tudo, devemos nos perguntar o que é dialética? Dialética,
grosso modo, é a percepção de que a realidade não é constituída
de uma essência imutável. Ela parte da premissa que há um
constante movimento que transforma a realidade a partir das suas
contradições.
A
dialética remonta a uma construção histórica que começa na
antiguidade clássica grega e se estende até os dias atuais. Em
contraposição a dialética, há também na filosofia o idealismo,
que parte da premissa que a realidade é formada de aspectos que são
essencialmente imutáveis, ou ainda que a realidade se dirige a uma
perfeição. Enquanto a dialética tinha como representante Sócrates
e Heráclito, alguns dos representantes do idealismo era Parmênides
e Platão. Com as transformações sociais que se seguiam, a
dialética foi sufocada em favor da ascensão do idealismo em razão
das classes dominantes enxergarem no idealismo um instrumento de
manutenção de seus próprios privilégios na medida em que ficava
mais fácil as pessoas aceitarem que o fato de quem são e o que
fazem é sustentado na crença de uma essência imutável.
Na
era moderna, com as transformações sociais e maior circulação de
ideias e mercadorias a dialética passa a ser permanentemente
revitalizada. A filosofia alemã de Kant e Hegel, mesmo sendo
filosofias com grande apelo ao idealismo usam instrumentos do
pensamento dialético e a revitaliza.
Foi
com Hegel que a dialética passa a ter uma boa sustentação teórica.
Para este autor, o entendimento da realidade parte das ideias para o
concreto, que é imperfeito, para retornar as ideias numa dimensão
idealizada que tende a perfeição. Assim, o homem tende a se
constituir a partir do trabalho intelectual para fazer exercícios de
mediação da realidade que vão fazendo movimentos de totalização
da realidade. Ou seja, o exercício intelectual deve ser feita de
modo a compreender as contradições da realidade e articulando tais
contradições com as várias dimensões até ir compreendendo a
visão do todo. Para Hegel a busca da verdade está no exercício das
buscas de contradições, visando articular as várias dimensões da
realidade, quanto mais conexões se fazem, maior entendimento da
realidade se tem
Marx
usa como referencia a dialética de Hegel, mas a inverte, passa a
conceber o trabalho material como constituinte fundamental da
historia e por conta disso, o exercício da reflexão deve fazer o
movimento partindo do concreto, indo para o abstrato e retornando
para novamente para o concreto. Foi a partir das contribuições de
Feuerbach que o materialismo foi incorporado a teoria de Marx e as
contradições da realidade foram analisadas com base nas condições
materiais, dando um caráter empírico a dialética.
Neste
sentido, a partir do método materialista histórico de Marx ele
concluiu que as condições materiais criam contradições que criam
classes sociais que se antagonizam entre si e dá dinâmica a
história da humanidade.
Referência:
KONDER,
Leandro. O que é dialética. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988.
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